Violência

'Podiam ter levado tudo. Só não podiam ter levado ela', diz pai de vítima de latrocínio

Patric Chagas

Shelli Uilla da Rosa Vidoto, 27 anos, já havia deparado com uma situação capaz de acender o alerta para violência na cidade que escolheu para viver. Nascida em Santiago, mudou-se para Santa Maria aos 16 anos. Como tantos outros adolescentes, ela fez cursinho na cidade, passou no vestibular, fez estágio, um deles no Fórum, e se formou no curso de Relações Públicas da UFSM.

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Há cerca de quatro anos, no entanto, ao chegar em seu apartamento, no quarto andar de um prédio na Avenida Rio Branco, a duas quadras do Calçadão Salvador Isaia, percebeu que o local havia sido arrombado. Em busca de segurança, juntamente com namorado, com quem mantinha um relacionamento há mais de sete anos, mudou-se para um local supostamente mais seguro. A esperança de uma vida mais tranquila na Rua Benjamin Constant, porém, foi ceifada por uma atitude resumida por seu pai como "estúpida e covarde".

Amigos lembram de Shelli como uma jovem cheia de vida

– É uma situação que não pode passar anonimamente. A sociedade precisa ver que estamos sendo vítimas de um sistema que não protege o cidadão de bem, que quer trabalhar e levar uma vida normal. São leis que protegem as "vítimas da sociedade", mas, que na verdade, essas vítimas somos nós. O sentimento é de revolta, de dor. Podiam ter levado tudo da minha filha, só não podiam ter levado ela – desabafa Paulo Gilberto Dielo Vidoto, 54 anos, pai de Shelli.

Ainda sob o impacto de ter sua única filha arrancada de suas vidas de forma prematura, Vidoto diz não saber como ele a esposa conseguirão sobreviver sem o único bem realmente com valor para eles. E não é para menos. A comoção que tomou Santa Maria e Santiago dá uma noção do quanto Shelli era querida por amigos e colegas de trabalho. Tida como uma pessoa boa, honesta, determinada, humilde, alegre e iluminada, Shelli será lembrada pela família como alguém que nunca desejou mal a qualquer pessoa.

– Por que tirar de mim e da minha esposa a única coisa que realmente a gente tinha de valor nessa vida que era a nossa filha? Tudo o que fazíamos era em prol dela. A minha esposa e eu estamos aqui, tentando sobreviver. Não sabemos como vai ser o futuro. Como vamos acordar todas as manhãs e saber que não termos mais a nossa filha, que foi levada por uma estupidez, uma covardia – conclui Vidoto, num misto de dor e esperança de que os culpados sejam responsabilizados.  

O corpo de Shelli foi sepultado às 17h30min de sábado, no Cemitério Municipal de Santiago.

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